sábado, 31 de maio de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Gladíolo - Gladiolus italicus


Tenho-me deixado entusiasmar pelas fotografias a preto e branco, mas não podemos esquecer que estamos na Primavera!
Esta simpática planta é um gladíolo selvagem de nome científico Gladiolus italicus Mill. É muito abundante em Portugal, principalmente no litoral, e no interior centro e sul, onde é conhecido por Calças-de-cuco, Cristas-de-galo ou Espadana-das-searas. Em Trás-dos-montes, tenho-o encontrado principalmente nos vales do Rio Sabor e do Rio Tua. É frequente em terrenos incultos, com muito mato e rochas. A época da floração é de Março a Junho. As folhas são como as dos gladíolos dos jardins, mas de pequenas dimensões. Também têm um pequeno bolbo.
A fotografia foi tirada junto ao Rio Tua, perto da estação de Tralhariz.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Selores (2)

A tranquilidade de um bairro, em Selores.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Beira Grande II

O cura de Beira Grande era apresentado pelo reitor de Ansiães e tinha de rendimento anual seis mil réis de côngrua e o pé-de-altar. A freguesia pertenceu inicialmente à freguesia de S. Sebastião do Seixo, mas iria constituir depois freguesia independente.
Pertenceu sempre ao termo de Ansiães.
É orago da freguesia Santo António, a quem está dedicada a igreja paroquial. Um dos maiores santos portugueses, nasceu em Lisboa. Fez-se franciscano, com o objectivo de seguir os santos mártires de Marrocos. Quando chegou lá, foi acometido de pestilência e teve de voltar à Europa.
Fixou-se em Itália, leccionando Teologia e pregando por todo o País. Morreu em Pádua, com cerca de quarenta anos, já depois de ter sido canonizado.
Consta que existiu nesta freguesia uma fonte que tinha propriedades curativas milagrosas. Hoje já não existe, e o Abade de Baçal dá voz ao povo: "No termo desta povoação, concelho de Carrazeda de Ansiães, havia uma Fonte Santa muito concorrida de enfermos, para remédio de seus padecimentos, mas secou-se porque curaram nela as mataduras de um burro; nunca mais deitou água, diz o nosso informador. O Padre António Carvalho da Costa menciona também esta Fonte Santa como eficaz para a cura dos meninos que nela lavam".
Na parte oriental da povoação, pode encontrar-se no cume de um monte que aí existe uma pequena ermida, muito simples e bonita. Está consagrada a Nossa Senhora da Costa e é um dos mais importantes elementos arquitectónicos da freguesia. A capelinha substitui uma outra que aí terá existido em tempos remotos, representando muito provavelmente um culto pagão.
Fonte do texto: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, 3.º Volume, 1997

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Beira Grande

Orago: Santo António
População: 300 habitantes
Actividades económicas: Agricultura e vitivinicultura
Festas e romarias: Santo António (13 Junho)
Património cultural e edificado: Igreja matriz, cruzeiro e ruínas do Casal
Outros locais de interesse turístico: Margens do rio Douro, miradouro do Casal e vinhas do Douro
Colectividades: Associação Cultural Desportiva e Recreativa de Beira Grande

Esta freguesia, encontra-se a dez quilómetros da sede de concelho.
O seu povoamento parece ser muito remoto. A toponímia, através do lugar de Vale de Martinho, indicia um povoamento que terá começado, pelo menos, na época romana. O povo, sempre atreito à explicação de lendas e tradições que vêm de longe, garante ainda hoje que um homem, ao colher figos a secar ao sol, tomaram-se em bolas de oiro.
Além disso, no cume onde se encontra a ermida de Nossa Senhora da Costa, que à frente caracterizamos, parece que existiu um castro importante na estrutura defensiva da região. Quanto à toponímia, Canais -sistema de pesca fluvial, Cachão – acidente do rio, e mesmo Beira Grande, têm evidente sentido geográfico. Há ainda um nome curioso, Gafaria, que tem origem medieval e está relacionado com um hospital de leprosos.

O nome da freguesia é explicado pelo historiador A. Almeida Fernandes, entre dúvidas e incertezas próprias de uma investigação histórica sobre Carrazeda ainda insuficiente: "A significação é obscura: beira, ou, como aparece no latinismo tabeliónico do tempo, "béria", significa já no século XII a fronteira ou região fronteiriça; mas o sentido não convém aqui, sendo Beira Grande topónimo comparável, nesta obscuridade de sentido, a Beira Valente - aliás os dois únicos no País neste sentido desconhecido. Quererá o vocábulo significar aqui a topografia - "beira" por "costa" (encosta) do monte?"

Fonte do texto: Dicionário Enciclopédico das Freguesias, 3.ºVolume, 1997

sábado, 24 de maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

Areias (3)

É no mínimo curioso verificar que Areias está em primeiro lugar na votação como próxima aldeia a fotografar, recolhendo mais votos do que outras localidades mais populosas. É com satisfação que coloco mais uma fotografia de Areias, para permitir aos muitos que estão lá fora, pela França e pela Suiça, matarem saudades da sua terra.

domingo, 18 de maio de 2008

Kátias


Corre pelo teu olhar
a vida.
Transbordam do teu coração
inquietos desejos.
Alguém bate à tua porta.
Gotejam das tuas palavras
ondas de mar calmo.
Mesmo que a noite seja escura
as estrelas do céu
Sussurram felicidade.

Poesia de João Manuel Sampaio, do livro Cais do Rio Submerso, 2003.
Fotografia: Pormenor de uma janela, em Pereiros.

sábado, 17 de maio de 2008

Castelo de Ansiães

Porta da Igreja de S. Salvador, no Castelo de Ansiães, situado na freguesia da Lavandeira.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Em louvor dos Limites

Pelos vistos a Câmara de Carrazeda teve que devolver dois milhões de euros de comparticipações comunitárias por falta de execução de algumas obras. Não é muito dinheiro para uma autarquia, mas para uma autarquia frágil em finanças, não vem mesmo nada a calhar.
O que parece não estar em crise, é a aposta em transformar a vila num Parque Internacional de Escultura em Granito ao Ar Livre. Soa-me um pouco a cópia com o que já aconteceu em Alfândega da Fé, mas, as obras de arte já se vão espalhando pela vila. Já há algum tempo que podíamos admirar os "Sete Livros da Arte e da Vida", de Alberto Carneiro e "A Pedra Bulideira", de Carlos Barreira. A estes juntaram-se-lhes recentemente o arco de Staccioli que foi inaugurado no dia 25 de Abril e tem como título "Carrazeda de Ansiães/2007" e, na praça do Centro Cívico, um pilar de granito com 10 metros de altura chamado "Em louvor dos Limites", assinado pelo irlandês, Michael Warren.

As próximas obras já estão na calha e irão decorar o Jardim D. Lopo Vaz de Sampaio.
Com tudo isto, só é pena que tenhamos cada vez menos tempo para passearmos de jardim em jardim, deliciando-nos com todas estas obras de arte.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Senhora da Ribeira

Este é um dos lugares do concelho de Carrazeda de Ansiães mais divulgados. Trata-se da de um pequeno cais na Senhora da Ribeira, que todas as noites entre pelas casas de milhares de portugueses que assistem à telenovela "A Outra", na TVI. Há uma série de imagens filmadas de helicóptero, que mostram um pouco do vale do Douro junto à Senhora da Ribeira, a queda de água do Síbio, em Coleja, o castelo da Ansiães, na Lavandeira, continuando depois com outras imagens do concelho de Vila Flor, Mirandela e Macedo.

sábado, 10 de maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

À Descoberta, a pedal


Está na hora de partir À Descoberta dos recantos e encantos do concelho, a pedalar. Quem já o faz, por regra, como este amigo que nem sonhava estar a ser fotografado, com certeza que vai continuar. Para os restantes, nunca é tarde para começarem. Até porque vem aí o Verão e uns quilitos a menos, ficam bem.
Quero lembrar que no dia 18 de Maio há BTT em Pombal de Ansiães - 2.ª Rota das Maias (o cartaz está aqui).

A fotografia é na parte velha de Carrazeda.

sábado, 3 de maio de 2008

Na Linha do Tua 4


No dia 1 de Maio tive tempo para mais uma etapa "À Descoberta da Linha do Tua". O meu plano era fazer o percurso que vai da estação da Brunheda a Foz Tua em duas caminhadas ao longo da linha. Mas, com os acontecimentos mais recentes que levaram ao encerramento, precisamente, desse troço da linha, as coisas complicaram-se. Acolhido de um ímpeto daqueles que é difícil controlar, decidi fazer todo o percurso numa só etapa.

Da estação de Brunheda a Foz Tua são 21 quilómetros. Além da distância, tinha que jogar com os horários da automotora para não ter que levar o carro até muito longe daqui ou ter que estar a incomodar outras pessoas. Depois da experiência entre o Cachão e Mirandela, achei que 21 quilómetros estavam dentro das minhas possibilidades para caminhar, não sabia era se a fotografia me iria deixar tempo para fazer todo o percurso. Caso não conseguisse, as dificuldades em voltar a casa seriam mais do que muitas, visto que, entre a ponte na Brunheda e o Tua, não há nenhum local com grande movimento de pessoas ou de viaturas.

A força de um desafio, ultrapassa por vezes a razão, e, na manhã do dia 1, estava bem acordado mal despontou o sol. Tinha planeado tudo muito bem durante a noite: ia de automóvel até à Ribeirinha; seguia de automotora até à Brunheda; tomaria o táxi que faz o transbordo dos passageiros até ao Tua; teria aproximadamente 6 horas para fazer o percurso, linha acima, a tempo de voltar a apanhar a automotora na Brunheda próximo das 19 horas.
Preparei a mochila. Vai estar calor ou vai fazer frio? Quanta água vou beber? Levo uma lanterna? E o almoço? Sou muito prático com todas estas coisas e alguns anos de caminhadas deram-me alguma experiência.
Às nove horas já andava a fotografar as ruas mais típicas em Vilas Boas. Desci calmamente até ao Rio Tua. O dia prometia. Estava fresco, havia muito orvalho mas quase não se viam nuvens. O amarelo das maias contrastava com o verde das oliveiras. O monte do Faro parecia ainda não ter acordado, mas a Serra dos Paços, no concelho de Mirandela, estava radiante, esticada ao sol.

Quando cheguei à estação da Ribeirinha, o meu amigo Abílio ficou contente por me ver. O sr. Abílio é o “guardião” da linha. Mora na estação e conhece toda a linha palmo a palmo. Veio da Urrós, Mogadouro e por aqui trabalhou enquanto os ossos aguentaram. Quando fala, recorda com saudade os tempos em que percorria a linha, a altas horas da madrugada, fazendo reparações aqui e além, para que no dia seguinte tudo estivesse pronto. Nota-se-lhe na voz algum desalento e fala do encerramento da linha, como fala da sua hérnia ou nas suas pernas que já demoram a obedecer. Caminhámos perto da linha durante alguns minutos. A erva alta encharcou-me as botas. Já nem há burros na Ribeirinha para pastarem aquela viçosa erva, há apenas um burrico e uma mula, para puxar uma carroça ou para lavrar alguma pequena horta.
Andávamos por ali entretidos com a conversa, quando chegou outro automóvel. Trazia 4 técnicos que vestiram os seus coletes florescentes e se puseram a fazer medições, via fora, resistindo aos nossos olhares desconfiados.

Às dez e trinta minutos chegou a automotora. Com medo que não parasse, acenei-lhe, mas a Ribeirinha é paragem obrigatória.
Quando o revisor se aproximou para me tirar o bilhete, soube a novidade. A automotora já não seguia até à Brunheda, ficaria em Abreiro, 13 quilómetros mais abaixo. A notícia baralhou-me por completo. Durante esses quilómetros, com paisagens magníficas, dividi-me entre o multicolorido dos montes e a reformulação do plano. Em Abreiro já nos esperava uma carrinha táxi, por sinal conduzida por um meu conhecido, de Carrazeda de Ansiães. Não sobrou um lugar. Éramos precisamente nove, contando com o revisor. Seguimos em direcção a Abreiro, Milhais e depois Sobreira. Este percurso é bonito, acreditem. O céu pintou-se de um azul carregado; apareceram algumas nuvens brancas; só me apetecia pular daquele táxi e ficar mesmo ali gozando a liberdade de um dia fantástico, longe de tudo que nos aflige no dia a dia. Fiquei um pouco mais abaixo, plantado em plena ponte da Brunheda, sobre o Rio Tua e sobre a linha.
Decidi fazer o percurso ao contrário do que tinha planeado, sairia da Brunheda em direcção a Foz-Tua. Mal o táxi arrancou, desci à linha, não tinha tempo a perder.

Foi um início de caminhada fantástico! Todos os elementos naturais se conjugaram de forma tão perfeita que receei, logo ali, não ter tempo suficiente para chegar ao Tua. O ar estava fresco; o céu tinha um azul intenso salpicado de nuvens mais brancas do que a neve; o rio corria forte, embora o seu caudal tivesse baixado nos últimos dias; as encostas do vale brilhavam de um verde puro, salpicado com manchas de várias cores; a linha descia em direcção a Sueste ladeada por tufos de flores. Olhava para trás a cada dezena de metros percorridos. A posição do sol fazia com que, precisamente nas minhas costas, a luz tivesse as condições ideais para ser polarizada e provocar aquele céu azul que eu tanto gosto.
A primeira paragem foi no apeadeiro de Tralhão. Nem todos saberão, mas tralhão é uma designação regional para uma ave. Este apeadeiro fica plantado aqui no meio do nada. Penso que serviria a aldeia de Pinhal do Norte, mas desconheço se há alguma estrada que lhe dê acesso. Não tem telhado mas sim uma placa de betão, transformando o apeadeiro num interessante miradouro sobre a linha e sobre o rio. Subi as escadinhas e tirei algumas fotografias. Nas traseiras do edifício há um curioso forno, de forma rectangular, coberto por um telhado com duas águas.

Um pouco depois, numa curva da linha, avistei algumas casas cravadas na encosta em frente. Era S. Lourenço. O tempo parece ter parado nas ruínas das casas. Há mais de duas décadas passeei bastante por este local. Não fora o edifício da estação e eu dizia que nada por aqui mudou. As velhas casinhas com alpendre de madeira lá continuam, em ruína, como sempre estiveram. Bem gostava de ter subido junto à fonte, pedir ao santo boa sorte para a caminhada, visitar a pequena capela, quem sabe beber uma garrafa de água fresca na taberna onde tantas vezes comprei tremoços, nas tardes de domingo.

Concentrei-me de novo na linha. Faltavam-me 15 quilómetros para o Tua e, embora tenha planeado o percurso do Tua para a Brunheda, sentia que me estava a atrasar. Pouco depois de deixar a estação das termas de S. Lourenço, encontrei um dos rochedos mais pitorescos de todo o percurso. Parece plantado entre a linha e o rio por uma mão poderosa, para nos impressionar, qual estátua de basalto na ilha de Páscoa. O céu, agora com bastantes nuvens, criava zonas de sol e sombra complicando a fotografia. Esperei alguns minutos que a construção se iluminasse e disparei algumas fotografias sem grandes preocupações de enquadramento.

Continuei a viagem, desta vez em passo bastante apressado. Nem a visão fugaz do primeiro medronheiro me fez abrandar. Esta zona é bastante bonita. Há muita vegetação, constituída principalmente por giestas, zimbros, sobreiros e pinheiros literalmente cravados nas rochas. O rio corre muito próximo, apertado de ambos os lados por grandes blocos de granito tão duro que raramente evidencia marcas das correntes de séculos. Não resisti a um tufo de madressilva pendurada sobre o rio e descansei um pouco.

Numa curva da linha avistei o Amieiro. A pequena aldeia, pendurada na montanha, é muito fotogénica. Era uma e meia da tarde e nada mais se ouvia além do som da água batendo em rochas ciclópicas. Que panorâmica magnífica se deve ter desta aldeia! Senti curiosidade em conhecer o teleférico, ou o que resta dele, que traz as pessoas para a estação de Santa Luzia. De um lado do rio a aldeia, do outro a pequena estação rodeada de rochedos que ameaçam esmagá-la a cada instante. É um lugar solitário, de paz, onde apetece parar e deixar o tempo passar, sem preocupações. Saí dali com pena, a passo lento. Aproveitei para comer alguma coisa, enquanto caminhava. Estava sensivelmente no quilómetro doze. Pouco depois atravessei uma ponte, penso que se trata da Ribeira do Barrabáz. No alto das montanhas é a Aborraceira, um local onde espero ainda ir um dia.

Entre o quilómetro 9 e o 10 há um túnel, em curva, o maior de todos os seis que existem na linha. É o Túnel da Falcoeira. Apesar do nome sugerir aves de rapina, não vi nenhuma durante todo o percurso. Curiosamente o dia não estava muito bom para observação de aves. Quase posso resumir a lista de aves que vi : perdizes, pombos-torcaz, melros, melros azuis, tentelhões e andorinhas das rochas. No que toca à flora, destaco o medronheiro de que já falei, a giesta (Cytisus scoparius), a urze (já sem flor), a dedaleira (Digitalis purpurea L.), encontrei uma completamente branca, nunca tinha visto, espadana dos montes (Gladiolus illyricus), madressilva (Lonicera etrusca)…entre outras.

Também encontrei bastantes ninhos de pequenos passeriformes nos barrancos da linha. Alguns deles tinham ovos.
O rio faz um apertado cotovelo e, logo depois, aparece o pequeno apeadeiro de Castanheiro quase escondido na encosta. Perto deste havia dois ou três veículos automóveis e junto ao rio estava uma meia dúzia de homens. Estavam todos entretidos, pelo que pude perceber a estripar peixes! Perto deles, nos rochedos, estava uma enorme panela de ferro, daquelas que usavam para cozer os ossos das alheiras! Deu-me impressão que se preparavam para fazer uma valente caldeirada. Reconheci alguns, eram de Carrazeda de Ansiães. Ainda pensei em ir conversar com eles, mas segui viagem.

Pouco depois encontrei uma zona da linha que parecia ter sido mexida recentemente. Devia ser o local onde ocorreu o acidente de 12 de Fevereiro de 2007, em que perderam a vida três pessoas. O local não é, nem mais, nem menos perigoso, do que a maior parte da linha. Nos percursos que já fiz, vi com frequência pequenas pedras que se desprenderam por causas naturais e rolaram até perto da linha. Em muitas locais já foram colocadas protecções, mas é impossível coloca-las em todos os locais onde há perigo. Viajei bastante na linha do Douro e sempre tive receio que um dia o comboio descarrilasse para o rio. Felizmente nunca aconteceu.
Entre o quilómetro 5 e o quilómetro 7 há dois túneis. Este sim é um local assustador. Entre os dois, o Túnel Fragas Más e o Túnel do Boitrão, a linha é suportada por uma estrutura de betão com alguns metros de altura. É uma das zonas mais agreste e a mais assustadora de todo o percurso.

Neste local há uma outra atracção, mas do lado oposto do rio, em território do concelho de Alijó. Trata-se de um conjunto de pequenas cascatas, que só terminam quando a água da Ribeira de S. Mamede atinge o rio. Tive sorte porque a ribeira ainda corre bastante água e a paisagem estava um encanto.
Pouco depois surge um outro túnel, o Túnel da Aveleda que antecede a estação de Tralhariz. A paisagem muda bastante neste local. Começam a ver-se muitos socalcos com oliveiras principalmente na margem esquerda do rio. As vinhas também começam a marcar presença.

A luz começava a estar mais baixa, tentando entrar pelo vale acima. O céu perdeu o brilho da manhã e início de tarde, mostrando-se agora cheio de neblina com a luz difusa. Quer os meus olhos, quer os meus pés já ansiavam por ver os vinhedos do Douro, mas ainda faltavam 3 quilómetros. Perto da foz do Tua as margens ganham de novo altura e a dureza do granito. O leito estreita-se formando uma garganta de paredes verticais de rocha pura e nua. É neste local que se planeia a construção da barragem. Já se avistava a ponte sobre o Tua e os vinhedos do outro lado Douro. Depois de um pequeno túnel há uma ponte metálica, o Túnel e a Ponte das Presas. À volta da ponte, há uma estrutura metálica e obras de restauro na mesma.
Já se avistam as casas de Foz Tua e o olhar alonga-se ao correr do Douro.

Cheguei à estação às seis horas menos um quarto. A calma era total. Entre sentar-me num banco a descansar um pouco, comer alguns mantimentos que ainda tinha comigo, ou dar um passeio pela estação, admirando velhas glórias dos caminhos-de-ferro que por ali se encontram, optei por esta última. Há algumas composições da via estreita que vão morrendo aos poucos. As portas estão abertas, arrancam-lhe os bancos, as lâmpadas e partem-lhe os vidros. O cenário é degradante.
No interior da estação há algumas peças museológicas dos caminhos-de-ferro. Estas sim, bem cuidadas e apresentadas.
Chegou uma composição procedente do Pocinho e uma outra do Porto. Ambas partiram rumo aos seus destinos e eu abandonei a estação à procura do táxi. Na viagem de regresso éramos apenas dois passageiros e o revisor. Mantivemo-nos os três, até que abandonei a composição do metro, na Ribeirinha.

O percurso de regresso a Abreiro até é interessante, mas não me parece que seja o que os turistas que vêm viajar na Linha do Tua, pretendem ver. Saímos do Tua às 18:22 e fizemos o seguinte percurso: Ribalonga, Castanheiro, Paradela, Pombal, Pinhal do Norte, Brunheda, Sobreira, Milhais e Abreiro . Perto da Sobreira cruzámos com outros dois táxis que faziam o percurso inverso.
Às 19:35 estava de volta à Ribeirinha. Tinha o sr. Abílio à minha espera, para saber as novidades sobre a linha.
Subi a Vilas Boas quando os últimos raios de sol quente iluminavam o cabeço de Nossa Senhora da Assunção. Vinha contente. Tudo correu bem. Fisicamente sentia-me bem. O dia também esteve agradável para caminhar, não fazendo muito calor. Não tive nenhum percalço no percurso, o que teria sido muito mau, uma vez que só há rede de telemóvel (da rede que uso) no Amieiro e depois de deixar o Tua em direcção a Ribalonga.

Em termos fotográficos, foi um dia muito produtivo. Depois de apagar algumas fotografias exageradamente falhadas, sobraram 1390, que dá uma média superior a 6 fotografias por cada 100 metros. Preferia ter feito o percurso em duas etapas. Teria tido mais tempo para dedicar a determinados aspectos da fauna e da flora, até mesmo da linha e do rio, que gostava de explorar. Quem sabe se esta não foi só a minha primeira viagem a pé, de Mirandela a Foz Tua?
Ligação para a 1.ªetapa entre Cachão e Ribeirinha
Ligação para a 2.ªetapa entre a Brunheda e Ribeirinha
Ligação para a 3.ªetapa entre a Cachão e Mirandela
Ligação para a 4.ªetapa entre a Brunheda e Foz-Tua

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