domingo, 24 de agosto de 2008

Noite dos Bombos, em Parambos


No dia 23 de Agosto de 2008, aconteceu em Parambos mais uma Noite dos Bombos, integrada nas festas de Verão, em honra de S. Bartolomeu.

Atrasei-me bastante, num jantar familiar em Carrazeda de Ansiães e cheguei a Parambos pouco depois da meia-noite. Os foliões "bombeiros" já tinham começado a sua ronda pelas ruas da aldeia, não me deram tempo para comprar a bonita camisola (verde?!) comemorativa da Noite dos Bombos de 2008. Felizmente tinha comigo a camisola de 2007! Vesti-a e integrei-me no grupo.

O grupo dos Parrraxistas (de Mirandela), este ano com maior número de elementos, dava o mote, todos os restantes seguiam atrás, batendo no bombo com mais força do que jeito. É que não havia ninguém atento à melodia.
Já não apanhei a fase em que o acordeão acompanhava, a sua sonoridade dá outro colorido à festa, mas a noite é dos bombos.

Alguns Parrraxistas mais "tocados" passaram-me o bombo! Fiquei dividido, entre fazer barulho e tirar fotografias.
Ao longo do percurso fizemos algumas "visitas". O objectivo era sempre o mesmo: recuperar forças, com um sumo de fruta ou outra bebida mais forte, consoante a idade e o gosto.
É de realçar a presença, que me parece cada vez mais representativa, de crianças.
Já passava das duas da manhã quando o grupo se aproximava do adro da igreja onde o arraial estava animado. Cansado por várias noites de festa (também era festa em Vila Flor), abandonei Parambos satisfeito por mais uma Noite de Bombos, única nas minhas vivências de arraiais em trás-os-montes.

Parabéns e o meu obrigado às gentes de Parambos, que sempre me recebem com amizade.

Mais reportagem no Blogue - Viver Parambos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Acidente na Linha do Tua

Ocorreu, perto das 11 horas de hoje, um acidente na Linha do Tua, entre os apeadeiros da Brunheda e do Tralhão.

Mais informação no Blogue - A Linha é Tua - (http://alinhaetua.blogspot.com/)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Parambos - S. Bartolomeu

Vão ter lugar nos próximos dias 23 e 24, as festas em honra de S. Bartolomeu, em Parambos. Além do arraial (nos dois dias) e da festa religiosa no dia 24, há uma actividade que vem ganhando cada vez mais força, é a Noite dos Bombos, no dia 23.
No ano passado tive o prazer de me integrar no desfile, quem sabe se este ano faço nova visita a Parambos.

domingo, 10 de agosto de 2008

Paradela no horizonte


Paradela de Ansiães, pertence à freguesia de Pombal de Ansiães, distando dela quatro quilómetros. Situada junto da única estrada de acesso a Carrazeda (N314-7), mesmo assim, sempre me pareceu muito distante. Daí que o meu conhecimento de Paradela seja muito escasso. Hoje a realidade alterou-se e os acessos são mais rápidos, tendo mais de que uma opção para chegar a Carrazeda.
Tal como todas as aldeias do concelho, Paradela é uma aldeia envelhecida. A época de maior pujança deve ter sido antes das vagas e emigração, que levou muitos residentes a procuraram melhor vida, no estrangeiro.

O aglomerado populacional situa-se praticamente todo numa rua, a Rua Principal. As casas são feitas de granito, com varandas em madeira e escadas em granito, que lhes dão acesso. Gosto muito de fotografar este tipo de ambientes, também existente em Codeçais ou Pereiros. Infelizmente muitas casas estão desabitadas e mostram já marcas de abandono. Os que continuam na aldeia, optaram por fazer casas novas, fora deste núcleo, com mais espaço circundante e uma melhor vista. Surge assim a Rua do Reiro, da Capela e da Escola, com casas bonitas, rodeadas de quintais cheios de árvores de fruto, que se desenvolvem muito bem.

A aldeia encontra-se protegida, encostada à serra da Lama Grande, com a Rua Principal voltada a sol, que a inunda de luz no seu máximo de força. A melhor visão da aldeia tem-se da estrada, logo que se encontram as primeiras casas. O conjunto compacto de tem um aspecto bem curioso e fotogénico. Ao longe vêem-se as casas de Pombal, num cenário de montanhas, já do lado de lá do Tua. O centro da aldeia é à entrada da Rua Principal. Aqui se juntam os idosos a apanhar sol e a conversarem, e aqui realizam as festas, que alegram a pacatez do lugar, aqui se situa a capela e o cemitério.

Aliada à simpatia das gentes, há o vinho, de qualidade superior, nascido das videiras cultivadas em socalcos, onde o granito das fragas o permite. Também abundam oliveiras, amendoeiras e muitas árvores de fruto, nos melhores terrenos.
À saída da aldeia, para Pombal, há um cruzeiro com o ano de 1793, na base, mas o nicho onde se encontra N. Senhora da Saúde tem gravado o ano de 1993.
Também digna de destaque é a Fraga da Aborraceira, que julgo encontrar-se nos terrenos de Paradela. Trata-se de um exemplo de arte rupestre, onde se encontram insculpidos uma série de círculos e semi-círculos e as tradicionais ferraduras em associação alguns cruciformes, mas que ainda não tive o prazer de visitar.

A paisagem onde a Ribeira de Paradela se precipita para o Rio Tua, é de uma grandeza colossal, assustando pela sua agressividade, povoada de fragas e zimbros.
Paradela merece uma visita cuidada, oferecendo bonitos cenários para fotografias, dentro da sua rusticidade e antiguidade.

Para conhecer melhor Paradela: Álbum fotográfico de Paradela de Ansiães

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Foz Tua - Abreiro (Parte III)

18/07/2008 Esta é a continuação da caminhada - Foz Tua - Abreiro (Parte I) e Foz Tua - Abreiro (Parte II)

Depois de me ter levantado antes das seis da manhã, ter caminhado mais de 20 quilómetros, ter na mochila alguns 10 centilítros de água, o meu entusiasmo não era muito. Saí da Brunheda a passo lento, descontando cada passo, na ânsia de chegar a Abreiro.
Perto do quilómetro 24º havia na margem oposta do rio um bom grupo de pessoas. Umas estavam sentadas à sombra de frondosas árvores, outras banhavam-se nas águas frescas do Tua. Esta praia fluvial, tão agradável, deve pertencer à freguesia da Sobreira. Na piscina criada pelo açude, que fotografei no dia 5 de Abril de 2008, havia muita água fresca, que convidavam a alguns mergulhos. Desta vez não me senti tentado a descer às ruínas das azenhas, a retratar as águas, saltando em cachoeira.

Pouco depois encontrei uma fonte com água! Água fresquíssima, num dia quente de Verão, às quatro da tarde. Com as reservas de água repostas, a paisagem ganhou mais verde e retomei o caminho com mais entusiasmo.
Muito perto do apeadeiro de Codeçais, havia mais uma mangueira de água a correr, mas dessa não bebi. Em Codeçais havia um depósito de água para reposição da mesma nas locomotivas, quando o vapor era a força que movia os êmbolos. O local não foi escolhido por acaso, há muita água que chega à linha, mesmo tendo em conta que estamos nos fins de Julho. Há uma espécie de mina, mas a sua água não tem bom aspecto. No mesmo local, corre água de uma mangueira de plástico.

Aproveitei a sombra da estação para me sentar e comer alguma coisa. Normalmente as reservas alimentares que trago, sandes, biscoitos, fruta e yogurtes, são mais do que suficientes para as minhas necessidades. Faço todos os possíveis para não deixar lixo, embora nem toda a gente tenha essa preocupação. Já aparecem ao longo da linha embalagens de sumo e garrafas de água vazias. Estes resíduos devem-se a alguns caminheiros, como eu, mas também aos trabalhadores da linha. Espero que depois dos trabalhos terminados retirem todas essas embalagens que vão sendo espalhadas.
Com o estômago composto e as reservas de água repostas ganhei novo ânimo para a caminhada.Mais a diante, encontrei uma nova fonte de água fresca, pouco antes do quilómetro 26º.
À medida que os quilómetros iam passando, eu fui ganhando confiança.

Já passava das cinco da tarde. O sol começava a mostrar alguns sintomas de fraqueza, quando a automotora passou em direcção a Foz-Tua.
Com a chegada à Ponte da Ribeira da Cabreira, completei o percurso de Foz-Tua à Ribeirinha, uma vez que da Ponte da Cabreira à Ribeirinha foi feita numa caminhada no dia 12 de Julho.
Perto da estação de Abreiro, o rio faz uma grande lagoa. É um dos pontos mais fotogénicos da linha. A lagoa, a estação, a ponte da linha, a ponte rodoviária, são elementos que compõem um belo quadro. A linha descreve uma curva muito aberta, terminando na estação, agora banhada pelo sol.
Uma garça-real (Ardea cinérea) estava pousada nas águas do rio. Estas aves, embora frequentes, são muito atentas ao que se passa à sua volta, levantando voo ao mais pequeno movimento. São frequentes ao longo de todo o curso do rio, mas também nalgumas albufeiras de Trás-os-Montes. Sempre de cabeça levantada, vigiou o meu percurso até chegar à estação de Abreiro.

Completei a minha caminhada. Foram 12 horas na Linha do Tua! Muitas fotografias, muitas emoções, algumas, deram origem a estas linhas, que escrevi, outras que guardarei para mim, incorporando-as.
Não descobri o caminho marítimo para a índia, não entrei para o guiness, apenas fiz um largo passeio, com pouca despesa, com muito tempo e muita coisa para descobrir (e me descobrir). Falta-me o percurso Cachão – Mirandela para completar duas viagens completas, a caminhar na (pela) Linha do Tua.
Fim

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terça-feira, 5 de agosto de 2008

Foz Tua - Abreiro (Parte II)

18/07/2008 Esta é a continuação da caminhada - Foz Tua - Abreiro (Parte I)

Depois da minha lenta progressão nos primeiros quilómetros, tinha que acelerar o passo, se quisesse chegar a Abreiro ainda com a luz do dia. Estavam percorridos os primeiros 10 quilómetros, mas ainda faltavam quase 20!
Acelerei o passo, pouco depois passou a automotora para Mirandela. Bem me apetecia apanhar boleia, mas ia desistir sem me ter empenhado a fundo?
Comecei a imaginar - Como iria encontrar o Amieiro? Devia estar completamente iluminado, como flor deslumbrante num jardim.

Seguia absorvido pelos meus pensamentos quando ouvi um guincho estridente vindo do rio. Pensei imediatamente nalgumas aves de rapinas que patrulham as margens. Talvez milhafres, mas são mais frequentes entre Abreiro e Mirandela, nunca nestas zonas de escarpas! Descobri uma mancha negra, na sombra das rochas, junto à água. Pouco depois, uma outra sombra se juntou à primeira. Os meus olhos não queriam acreditar no que seriam aquelas duas sombras, mas o meu coração acelerou. Levei o zoom da máquina fotográfica ao máximo, mas as rochas reflectiam de tal forma a luz do sol, que não conseguia distinguir nada. De repente, algo abandonou as rochas e dirigiu-se para a água. Agora não tinha mais dúvidas, eram lontras (Lutra lutra). Já tinha ouvido falar delas muitas vezes. Olhei as águas do rio à sua procura, mas não esperava encontrá-las ali, e o mais interessante, mais do que uma! Este mamífero tem o estatuto de Quase Ameaçado, embora a sua situação em Portugal seja de Pouco Preocupante. A sua população está em declínio desde os anos 60, 70 devido a um conjunto de factores como a destruição da vegetação rupícola e a poluição das águas. Vivem isoladamente, por isso, talvez tenha presenciado o encontro de um macho com uma fêmea, uma vez que também se reproduzem no Verão. Os machos têm um território que pode atingir até 10 quilómetros. A minha vontade era esquecer a linha e descer para junto das águas do rio, para observar as lontras. Uma delas mergulhou nas águas e nadou com toda a agilidade que lhes é reconhecida, rio abaixo, desaparecendo por detrás da folhagem. A outra permanecia na sombra das rochas, confundindo-se com ela.

Este encontro inesperado deu-me forças para caminhar mais rapidamente. Nunca mais afastei, por muito tempo, os olhos do rio, no intuito de ver novas lontras, mas isso não voltou a acontecer.
Comecei a ver ao longe as primeiras casas do Amieiro. Esta aldeia dá uma imagem única da Linha do Tua. Não há ninguém que passe na linha que não se encante com este postal ilustrado. Parece um presépio montado, daqueles que existia antigamente em muitas igrejas (ainda existe na de Vila Flor), com as casinhas todas encaixadas a diferentes cotas, pequeninas, com uma igreja branca, com uma torre afiada, ainda mais branca, destacando-se do conjunto. A paz era completa! Quem se atreveria a desafiar os mais de trinta graus da uma da tarde? Nem o rio se ouvia, apenas os meus passos e o cantar das cigarras. Um rabirruivo juvenil acompanhou a minha passagem pela estação de Santa Luzia com uma evidente curiosidade.
Começava a ficar preocupado com as reservas de água, mas, tinha esperança de a encontrar perto do S. Lourenço.

Nesta zona da linha há alguns medronheiros (Arbutus unedo), mas os seus frutos ainda mal de vêem. Logo depois da estação de Santa Luzia há uma espécie de pequena cascata. Deve ser um bom local para fazer descidas de kayak.
Uma das curiosidades que se segue, é um rochedo ao alto, perto do quilómetro 15. Desta vez não tinha as nuvens brancas a decorar o céu azul, mas mesmo assim ensaiei várias fotografias.
Pouco depois está um depósito de água, já meu velho conhecido. Está muito sujo, apenas goteja e tinha mau aspecto. Continuei com a água que tinha. Ao chegar ao apeadeiro de S. Lourenço, ainda pensei em subir às termas, em busca de água potável, mas isso far-me-ia perder imenso tempo, além das energias que eram necessárias para subir até às casas que ladeiam as termas. Mais uma vez, decidi arriscar. Só já me restava uma pequena garrafa com água, teria que a poupar, a todo o custo.

Nesta zona da linha aparecem formações rochosas deveras curiosas. Nalguns lugares vêem-se linhas de quartzo incrustado no granito. Também junto às águas do rio se vêem formações semelhantes.
No quilómetro 17 havia outro bebedouro, mas estava completamente seco.
A agressividade da paisagem foi-se suavizando. No Tralhão o rio parece estar domesticado e as vinhas já chegam à linha. O cansaço e a escassez de água foram-me retirando algum prazer de fotografar. Subi à plataforma do apeadeiro para admirar a linha a maior distância.
Numa curva, ao 19º quilómetro avistei a ponte rodoviária da Brunheda, galgando o vale. Uma ave de rapina, a primeira desde o início da caminhada, veio cumprimentar-me, com a sua sombra que rasou a minha cabeça.

Neste local procedia-se à abertura da vala, junto à linha, para colocação de uma estrutura de fibra óptica. Não sei se os trabalhos só decorrem durante a noite, mas não havia ninguém a trabalhar. As máquinas estavam paradas um pouco depois da estação da Brunheda.
Parei uns instantes debaixo da ponte rodoviária. A sombra sabia-me tão bem! Eram três da tarde e o sol queimava-me o pescoço. A estação da Brunheda (agora apeadeiro) está no 21.º quilómetro, onde cheguei, depois de mais de oito horas de caminhada.
Tenho impressão que se passasse uma automotora, teria seguido nela: restavam-me algumas gotas de água; no apeadeiro da Brunheda não consegui encontrá-la, apesar de haver várias casas em redor; o calor era abrasador; as pernas manifestavam pouca vontade de me obedecerem; as fotografias já tinham pouco encanto.
Como chegar até Abreiro?

Esta aventura continua...
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domingo, 3 de agosto de 2008

Encontro de Amigos, em Belver


Realizou-se, no dia 2 de Agosto de 2008, mais um encontro anual, promovido pela Liga dos Amigos de Belver. Desde 2006 que a Liga tem organizado este evento nos primeiros dias de Agosto, com vista a reunir o maior grupo possível de belverenses, num convívio de gerações e de pessoas que, muitas delas, passam a maior parte do ano em locais distantes, com saudades da terra.

O encontro realizou-se na antiga escola primária, cedida pela autarquia, para que a Liga aí estabeleça a sua sede social e possa desenvolver as suas actividades.
Eu cheguei por volta das 19:30. O grupo ainda era pequeno mas os assadores já estavam em plena actividade: sardinhas, fêveras e entremeada de porco eram o “prato” principal. Entretanto foi-se armando uma enorme mesa onde já se provavam boas lascas de presunto acompanhadas por um pão bastante saboroso. Os garrafões saltaram para cima da mesa, mas também havia água e refrigerantes para quem quisesse. É que o convívio era um completo encontro de gerações, com crianças, jovens e adultos com uma presença bastante forte de casais de idosos.

Não parava de chegar gente, mesmo depois da noite se instalar. Foi necessário reforçar o trabalho nos assadores para fazer frente a várias levas de amigos que iam chegando. Os primeiros a chegar foram-se acomodando ao longo do muro do recreio, mas outros chegavam, alguns vindos de longe, propositadamente para este encontro de Amigos.

Por volta das nove e meia da noite começaram a ser servidas as sobremesas, no interior da escola Além do melão, havia uma grande quantidade de bolos e outras sobremesas doces, grande parte delas confeccionadas pelas pessoas presentes, que as levaram para partilhar. Provava-se um e depois outro, intercalando com conversas entre familiares e amigos. Numa parede estavam expostas algumas fotografias, memórias de pessoas e de acontecimentos, que, assim, estiveram também presentes.

Não faltou à festa a ritmada música de baile. Os mais animados não perderam a oportunidade, improvisando-se ali um baile com meia dúzia de pares.
Não sei quais eram as expectativas da direcção da Liga dos Amigos de Belver, mas, devem ter participado neste convívio cerca de cento e cinquenta pessoas. Desta forma, a direcção em exercício, termina o seu mandato em beleza, com um evento que vai de encontro aos objectivos da Liga, com uma participação ainda superior à dos anos anteriores.
Da minha parte, só posso agradecer o convite para passar tão alegres momentos em Belver. Para além do convívio com os meus familiares presentes, revi muitos amigos e conhecidos. Os meus parabéns à organização e a todas as pessoas que estiveram a trabalhar, bem-hajam.

Espero que a direcção que venha a ser eleita, continue o bom caminho que tem vindo a ser trilhado e que consiga, junto da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia, todos os apoios de que necessita; para bem de Belver.

Ligação ao Blog da Liga de Amigos de Belver

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Foz Tua - Abreiro (Parte I)

18-07-2008 Entusiasmado com os percursos na Linha do Tua, decidi fazer mais uma caminhada, desta vez entre Foz-Tua e Abreiro. Ainda tinha na memória as fantásticas paisagens do dia 1 de Maio de 2008. No entanto, como continuei a interessar-me pela Linha, cheguei à conclusão de que houve uma série de coisas que me passaram desapercebidas. Também a paisagem devia estar bastante diferente. Toda a verdura de Abril e Maio já desapareceu, devendo estar tudo bem mais seco.
Este percurso colocou-me dois desafios: o primeiro foi o da distância, de Foz-Tua a Abreiro, são 29 quilómetros; o segundo foi a necessidade de levantar cedo, a automotora partia de Abreiro em direcção a Foz-Tua às 6:25 da manhã!

Acabo por encarar estas caminhadas como um desporto radical, levando cada etapa um pouco mais além, sentindo a adrenalina da aventura. Mesmo sem conseguir dormir grande coisa, antes das seis da manhã, já andava eu a tentar fotografar a noite, na estação de Abreiro. A automotora chegou por volta das seis e um quarto e os primeiros raios de sol, um pouco depois. Tinha grandes expectativas para fotografar o nascer do sol no vale da Linha do Tua, mas a desilusão foi grande. A luz reflectia-se nos vidros da automotora e o contraste de zonas de sombra com zonas de luz, não se compadeciam com o movimento da automotora, ainda que esta se desloque a pouca velocidade.
A animação chegou na estação de Codeçais, com uma idosa impaciente a rogar pragas ao maquinista e revisor. Estava com receio de perder a consulta, na Régua.
Quando chegámos ao Douro, foi como se as portas do céu se abrissem! O vale do Douro, de nascente para poente, era um rio de luz, fazendo jus ao seu nome, Rio Doiro. Sem pressas, percorri toda a estação, espreitando cada recanto. A luminosidade já permitia fotografar sem problemas. Preparado para a grande jornada, fui ao bar beber uma garrafa de água fresca. A água seria a minha maior preocupação na caminhada.
Às oito menos um quarto, coloquei-me junto ao quilómetro zero. Acho piada à placa do quilómetro zero! É o ponto de partida. Nos primeiros metros, mal consegui desviar os olhos do Douro. Que felicidade a destas pessoas que acordam todos os dias com este espectáculo!...
De repente, uma curva afastou o meu olhar, para outro vale, o Vale do Tua, mais agreste, mal iluminado ainda. - É por ali que eu quero ir.

O quilómetro um tem motivos de interesse suficientes para me fazerem esquecer o Douro: o viaduto e o túnel das Presas. Não fosse a ameaça que evidencia o estradão já aberto na outra margem do rio e sentir-me-ia a entrar no ventre da terra, deixando para trás a porta que se abre e nos mostra um vale cheio de luz. Depois de passar o túnel, o apito de um comboio fez-me olhar para trás. Um comboio de mercadorias atravessava o Rio Tua, na Linha do Douro.
Agora, com mais calma, podia fazer várias tentativas para acertar na fotografia. Esta é uma das situações em que os automatismos todos, de pouco valem, tive de fazer uso de alguma experiência para controlar o diafragma, não obedecendo ao fotómetro.
No início do quilómetro dois são visíveis os vestígios do último acidente havido na linha, com uma Dresina, no dia 10 de Abril. Estranho, este acidente. Neste local, parece impensável dever-se à queda de pedras, que é o perigo mais evidente.

Concentrei-me de novo na linha. Levantando os olhos, vê-se S. Mamede de Ribatua colocado sobre os montes. Parece ali posto para vigiar o rio, que se torce, preguiçoso, no seu lento despertar. A erva seca, atravessada pelos raios de sol, lembram-me campos de trigo de Van Gogh. Quando se pensa que a linha termina de encontro a uma rocha escondida nas sombras, uma nova curva leva-a um pouco mais à frente, num jogo perfeito com o rio. Quase sem dar conta cheguei à estação de Tralhariz.

A passagem pelo Túnel de Tralhariz é mais um salto de espaços. Ficam para trás as calçadas com oliveiras, as vinhas tremendamente verdes, as copas esféricas das oliveiras. Espera-nos agora o reino das rochas, matéria prima de toda a criação. Aqui o rio teve dificuldade em abrir o seu caminho, sendo obrigado a descrever curvas mais pronunciadas mas estreitas, procurando desesperadamente o Douro.
Também os engenheiros da linha lutaram com imaginação, aproveitando cada metro, cada palmo, perfurando as entranhas das montanhas em vários pontos. Num ponto específico, a linha não tinha espaço. Colocaram-na sobre o vazio, criando o Viaduto das Fragas Más (que nome mais condizente!). Consultei o horário. Passava pouco das dez da manhã e eu tinha percorrido pouco mais de cinco quilómetros. O lugar é de eleição, decidi que ia esperar pela passagem da automotora. Como tive que esperar quase meia hora, aproveitei para procurar a melhor localização possível e depois descansei um pouco mordiscando uma doce maçã, sempre de olho na linha. A automotora ia sair do Túnel das Fragas Más I, passar sobre o viaduto e entrar no Túnel das Fragas Más II, em poucos segundos. Depois percorreria um largo espaço, dando-me tempo mais que suficiente, para múltiplas fotografias. A minha atenção, com um olho na linha e outro na maçã, era para apanhar a automotora no viaduto, entre os dois túneis.
O som multiplica-se ao longo do rio. Às vezes parece ouvir-se o som do comboio ao longe, mas são miragens, não passa da imaginação e do som das águas revoltosas do rio. De repente a automotora surgiu, vinda das sombras do primeiro túnel. Progredia muito lentamente, permitindo-me várias fotografias.

Pouco depois estava no local fatídico do acidente do dia 12 de Fevereiro de 2007, é impossível não reparar no lugar. Caminhei mais algum tempo e encontrei um ponto onde havia água. Aproveitei para repor a que já tinha bebido. O dia prometia ser quente, muito quente.
Só já esperava encontrar o pequeno apeadeiro do Castanheiro. Está tão “encaixado” na escarpa que só se dá por ele, quando nele se tropeça. Junto ao rio há um conjunto de mós, devem ter existido aqui várias azenhas. As águas levaram quase tudo menos as mós e uma espécie de ponte feita em pedra. É um dos pontos do rio com uma bonita praia de areia branca. Bem me apetecia um banho refrescante.
Subi a um penhasco, estava na hora de passar mais uma automotora. Acompanhei-a desde longe, desta vez no percurso descendente da linha, e passou quase por debaixo dos meus pés.

Retomei a caminhada. O rio e a linha aproximam-se de novo. Aqui e além surgem de novo algumas oliveiras. Não porque os terrenos são melhores, mas porque os acessos são mais fáceis. As oliveiras crescem em locais incríveis, mas têm uma bonita copa, frondosa e arredondada.
No quilómetro nove aparece mais um túnel, o Túnel da Falcoeira. Depois de sair do túnel há uma zona com uma paisagem excepcional, uma das minhas preferidas. Na margem oposta do rio há rochedos que parecem formar construções. Alguns parecem querer cair a qualquer instante, tão frágil é o seu equilíbrio. Também há algumas formações rochosas curiosas junto à Ponte de Paradela, no quilómetro 11.
Quando atingi esta ponte era meio dia e um quarto e tinha percorrido sensivelmente um terço do meu percurso. Levei quatro horas e meia a percorrer 10 quilómetros, quanto tempo me levaria ainda até Abreiro?

Esta aventura continua...
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