terça-feira, 12 de maio de 2009

Fonte de Seixas - Parambos

O tempo não chega para visitar todos os locais que apetece descobrir ou redescobrir. Mas, de vez em quando, arranjo uma tarde soalheira para percorrer caminhos que já percorri alguns (muitos) anos atrás.
Num domingo à tarde, convenci a família (não lhes disse nada) a visitar as gravuras da Fonte de Seixas, em Parambos. Apesar de sinalizadas, deu algum trabalho encontrá-las, mas valeu a pena. Para explicar as duas fotografias que mosto, transcrevo sem qualquer alteração o texto existente no sítio web do Ministério da Cultura.
"O complexo de gravuras da Fonte de Seixas centra-se em três penedos aos quais se associam alguns elementos gravados em pequenas rochas que circundam o epicentro desse conjunto. O local tem sido classificado como um possível santuário com um tipo de representação artística que poderá ser inserida na Idade do Bronze Final ou mesmo na Idade do Ferro. Tal enquadramento cronológico deverá merecer uma reflexão mais fundamentada, uma vez que não existe qualquer documento material ou estratigráfico extraído no local que permitam avançar cronologias fidedignas.
A arte rupestre da Fonte Seixas parece evidenciar, mais do que qualquer outro núcleo de arte rupestre detectado no concelho de Carrazeda de Ansiães, alguns elementos característicos de uma fase cristã, revelando um significativo número de motivos que poderão ser enquadrados na panóplia dos símbolos com um significado aparentemente religioso.
As fragas gravadas de Fonte de Seixas revelam um expressivo conjunto de representações que à falta de melhor designação ou terminologia denominaremos de "terços" ou "rosários", uma vez que o resultado final do agrupamento de covinhas associadas constantemente a um cruciforme nos sugere a imagem desse tradicional símbolo cristão que, como é sabido, surge a partir da Idade Média, altura em que os frades dominicanos por volta do séc. XIV introduzem o rosário para facilitar a prática religiosa entre os que não sabiam ler. Todos esses motivos se estruturam a partir de uma série de pequenas fossetes (covinhas) circulares homogéneas que criam vários conjuntos de configuração ovalada e sistematicamente encimados por uma cruz. Tais representações distribuem-se em séries repetitivas e estão presentes na maioria das rochas gravadas. Além destes conjuntos, estão patentes as tradicionais ferraduras, os círculos, as fossetes e várias tipologias de cruciformes.
Embora ainda em estudo, e tendo sempre presente a dificuldade e a responsabilidade de aventar hipóteses interpretativas em relação ao significado e à cronologia destas gravuras, pensamos que pelo menos a maioria dos motivos representados se deverão incluir num horizonte cronológico mais recente, que poderá oscilar entre a Idade Média e a Idade Moderna, embora não possa ser descorado um conjunto de outras representações, aqui também presentes, que poderão ser ancoradas num horizonte cronológico bastante mais antigo."

3 comentários:

Alexandrina Areias disse...

E é com estas suas descobertas que ficamos a conhecer melhor o 'nosso' concelho...
Muita boa informação, sobre estas gravuras das quais conheço a sua existência, mas, que infelizmente nunca visitei...
Cumprimentos,

AA

Anónimo disse...

Muito bom Aníbal. Como sempre! Já visitei estas gravuras por mais de uma vez, apesar de agora o seu acesso ser quase impossível devido ao mato existente.
RuiCMartins

Angel disse...

Gracias por las imagenes de las Fragas que no pude ver pero que indico en mi blog de mi viaje a Carraceda de Ansiaes y su maravillosa Anta de Zedes. Me gustaría contar con su permiso para reproducir la foto indicando su origen en mi blog

http;//dolmenes.blogspot.com